O HOMEM DO REBANHO

" O Homem do rebanho chama de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo que o exclui.
O que é verdade?
O que é mentira?

Poucos saem do rebanho para presenciar a verdade. A grande maioria prefere continuar na segurança daquele rebanho social, porque a realidade os fará mudar e se eles mudarem, poderão ser excluídos"
Não sabemos o quão perto está a verdade, as pessoas a buscam em lugares diferentes...
Elas são como aquele que no meio da água, sedento, grita implorando por ela.


Muito inspirador o exemplo de Fernão Capelo Gaivota , que não se conformou com as limitações impostas pelo bando de gaivotas com quem vivia e decidiu romper com as barreiras e vivenciar sua plenitude.



Abaixo um texto de Marta Medeiros, que também nos questiona sobre onde se encontra a verdadeira liberdade:



A PRISÃO DE CADA UM



" O psiquiatra Paulo Ribelato, em entrevista para a revista gaucha Red 32, disse que o máximo de liberdade que o ser humano pode aspirar é escolher a prisão na qual quer viver.
Pode-se aceitar esta verdade com pessimismo ou otimismo, mas é impossível refutá-la.´
A liberdade é uma abstração.
Liberdade não é uma calça velha e desbotada e sim, nudez total, nenhum comportamento para vestir.
No entanto, a sociedade não nos deixa sair à rua sem um crachá de identificação pendurado no pescoço.
Diga-me qual a sua tribo e lhe direi qual é a sua clausura.São cativeiros bem mais agradáveis do que o Carandiru:
podemos pegar sol, ler livros, receber amigos, comer bons pratos, ouvir música, ou seja, uma cadeia à moda Luis Estevão, só que temos que advogar em causa própria e habbeas corpus, nem pensar.


O casamento pode ser uma prisão. E a maternidade a pena máxima.
Um emprego que rende um gordo salário trancafia voce, e o impede de chutar o balde e arriscar novos vôos.
O mesmo se pode dizer de um cargo de chefia.
Tudo o que lhe dá segurança ao mesmo tempo lhe escravisa.
Viver sem laços igualmente pode nos reter à uma vida mundana, sem dependentes para sustentar, o céu como limite: prisão também.
Voce se condena a passar o resto de sua vida sem experimentar a delícia de uma vida amorosa estável, o conforto de um endereço certo e a imortalidade alcançada através de um filho.
Se nem a estabilidade e a instabilidade nos tornam livres, aceitemos que poder escolher a própria prisão já é, em si, uma vitória.
Nós é que decidimos quando seremos capturados e para onde seremos levados.
É uma opção consciente.Não nos obrigaram à nada, não nos trancafiaram num sanatório ou num presídio real, entre 4 paredes.
Nosso crime é estar vivo e nossa sentença é branda, visto que outros, ao cometerem o mesmo crime que nós - nascer - foram trancafiados em lugares chamados analfabetismo, miséria e exclusão.
Brindemos, temos todos cela especial!"