Saber escutar é uma arte.
Podemos constatar em nossas mais triviais ou importantes conversas como estamos distantes da verdadeira comunicação e conexão.
Enquanto o outro está falando, já estamos elaborando em nossa mente a melhor resposta, não estamos ouvindo de verdade, nossa resposta é como se o outro não tivesse falado. Quando não acontece de já falarmos em cima das palavras do outro.
Não aguentamos ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse tão digno de consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor
Na verdade, essa incapacidade de ouvir nada mais é do que uma sutil manifestação de nossa arrogância e vaidade.
Como diz Alberto Caeiro, "Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma."
Em algumas tribos distantes, durante as reuniões, primeiramente todos ficam em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem.
Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Já por aqui, ao contrário, o silêncio após uma frase emitida por outro pode se tornar constrangedor, o outro vai pensar que não o ouvimos direito e vai nos cobrar uma reação imediata.
E nosso silêncio, por outro lado, pode significar outras coisas, como indiferença, por exemplo.
Saber ouvir o que de fato está sendo dito pelo outro e expressar o que de fato queremos dizer, embora pareça uma tarefa simples, é das mais difíceis.
Amor e silêncio.
Texto baseado no livro "Comunicação Não Violenta" e texto "Escutatória" de Rubem Alves